Marcelo Pitanga

 

Temos uma falsa sensação de que quanto mais afazeres realizarmos, mais tempo nos sobrará se conseguirmos concluí-los. Sempre teremos que preencher algo para a sequência de fluxo da vida (devir, vir a ser), tendo em vista o movimento veloz-neurótico ou lento que não nos impedirá de caminharmos, pois inertes ou em movimento, estaremos sempre transitando. 
A percepção de tempo perdido só pode ser sentida em tempo descoberto ou redescoberto, através da arte como cinema, teatro, música, , pintura, escultura, etc., podemos recapitular os fatos da nossa história, passagens pelo tempo, que são marcadas nos instantes em que acontecem.
O dia, composto de 24 horas, não é suficiente para a realização de nossas tarefas, muitas vezes, imaginárias e não necessariamente reais. É preciso retirar essas verdades temporais que criamos, usando como justificativa o trabalho, a universidade, filhos, entre outros. A pressa, muitas vezes está em nós em forma de neurose e não como tempo real e natural.
Criamos um saber que nos distancia do real desejo de estarmos na vida, sem exigir tanto do que objetivamos, pois, objetivando ou não, concluindo ou não, sempre haverá algo a ser concluso: transformar o saber por viver. 
por Marcelo

 

" Todo saber é defesa contra o desejo" (Lacan)